Quando abrimos o livro já vamos de apetite aberto por um título que nos faz sorrir. Quem é que resiste a uma avó que gosta de pregar partidas e que passa a vida a mudar as coisas de sítio? Depois vem o murro no estômago. Afinal a avó não faz amizades novas todos os dias. Mas todos os dias pessoas novas trazem-na a casa quando se perde na rua. Afinal a avó não gosta de esconder os objetos. Simplesmente não se lembra do lugar deles. Uma história (só) aparentemente ligeira, contada na primeira pessoa por uma neta que vai assistindo à deterioração cognitiva da avó. Dói-nos por dentro a página em que esta deixa de conhecê-la, faz-nos pensar naquele parente chegado (a nossa avó?) a quem aconteceu o mesmo. Este é um livro-álbum que todos os miúdos deveriam ler para entender melhor as doenças dos muito graúdos (a autora fez doutoramento sobre a demência de Alzheimer).
Este livro procura contribuir para o esclarecimento precoce da população acerca da deterioração cognitiva de que muitos adultos, familiares e amigos, padecem, recorre ao ponto de vista da criança para o fazer.
" Era uma vez uma avó muito esquecida que gostava de pregar partidas mas, como também era distraída, não dizia a ninguém que a brincadeira já tinha começado. A neta sentia-se injustiçada ao constatar que a avó não era castigada pelas grandes asneiras que fazia. A mãe teve de lhe explicar que a avó comia muito queijo, isto é, estava a perder a memória…"